Professor do PPEA/UFOP tem trabalho divulgado no Valor Econômico

Maio 19, 2021

O Prof. Dr. Diogo Ferraz do Departamento de Economia (DEECO) e do Programa de Pós-Graduação em EcoCOVID-Indexnomia Aplicada (PPEA) da UFOP publicou o estudo "COVID Health Structure Index: The Vulnerability of Brazilian Microregions" em uma das principais revistas internacionais de indicadores sociais, a Social Indicators Research (Link: https://bit.ly/3ukPPsJ ). O estudo, que foi noticiado no jornal Valor Econômico (Link: https://glo.bo/3v5eS3E ), é fruto de uma parceria entre a UFOP e outras universidades públicas, a saber: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (UNESP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além da Universidade de Johannesburg.

O COVID Health Structure Index (COVID-Index) foi criado para verificar a utilização/vulnerabilidade da estrutura hospitalar em relação ao número de casos e óbitos por coronavírus nas microrregiões brasileiras. Entende-se como estrutura hospitalar os equipamentos da área de saúde (UTIs, respiradores e leitos) e o capital humano (médicos e enfermeiros). O indicador mostra quando a estrutura hospitalar está sob pressão ou próxima do limite / colapso.

O COVID-Index varia entre 0 e 1. Quando mais próximo de 1, pior é o desempenho da microrregião na utilização da estrutura hospitalar para o combate ao coronavírus. O indicador estabelece quatro tipos de intervalos, que categorizam o nível de infraestrutura de saúde. Regiões com situação “Adequada” (0,0 a 0,24) oferecem um número adequado de recursos para o tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus. Regiões com situação “Satisfatória” (0,25 a 0,49) têm recursos adequados para lidar com a pandemia de coronavírus. Regiões em situação de “Atenção” (0,50 a 0,74) precisam ser observadas com maior cuidado pelas autoridades públicas, a fim de conter o número de casos e mortes por coronavírus. As regiões nesta categoria não podem reduzir sua infraestrutura hospitalar. As regiões em situação “Inadequada” (0,75 a 1,0) apresentam a pior situação entre as regiões analisadas. Por isso, devem receber recursos oriundos de novos investimentos ou equipamentos realocados, e recursos humanos de regiões em situação adequada. Vale ressaltar que o Índice COVID demonstra uma situação relativa ao levar em consideração a pior situação entre as regiões analisadas.

O estudo mostrou que, em março de 2021, 22 capitais brasileiras apresentaram situação inadequada do sistema hospitalar para o combate à pandemia em março de 2021, sendo que 17 capitais apresentaram o pior índice (1,00). Em outros termos, 81,5% das capitais estavam em situação de extrema vulnerabilidade da estrutura hospitalar, seguida por 3 capitais na categoria Atenção (11,11%). Apenas 2 capitais apresentaram nível Satisfatório (7,4%) para o combate à pandemia. Nenhuma capital apresentou nível Adequado de operação para combater o novo coronavírus durante o mês de março/21.
Dentre as 554 microrregiões analisadas em março/2021, 140 microrregiões (25,27%) apresentaram situação Inadequada para o combate à pandemia, seguidas por 157 microrregiões (28.34%) que estavam em situação de Atenção, 196 microrregiões (35,38%) em situação Satisfatória, e apenas 61 microrregiões (11,01%) em situação Adequada para o combate à pandemia do novo coronavírus. Em outros termos, mais da metade (53,61%) das microrregiões brasileiras estão em situação Inadequada ou de Atenção, o que demonstra a alta vulnerabilidade do sistema hospitalar brasileiro para o combate à pandemia em março/2021.

Em resumo, os resultados do COVID-Index mostram a piora na vulnerabilidade do sistema hospitalar brasileiro que, embora tenha elevado o número de leitos, respiradores, UTIs e equipes médicas, não foi suficiente para conter o aumento do número de microrregiões em estado Inadequado ou em Atenção. Desta forma, a piora nos indicadores em todo o Brasil decorre, principalmente, do aumento do número de casos e óbitos em um dos meses mais letais da pandemia (março de 2021). Ademais, o indicador demonstra o alastramento da vulnerabilidade do sistema hospitalar em todo o território brasileiro, que conseguiu afetar regiões relativamente mais desenvolvidas do Brasil.